Natu 21


Espécie • Uruçu-do-chão (Melipona quinquefasciata)         
O estudo com abelhas no Brasil, deu início no século 18 com o famoso botânico, zoólogo, médico, também bastante conhecido por "pai da taxonomia moderna", Carl Nilsson Linnaeus. O estudo foi realizado em suas viagens expedicionárias e suas coletas foram enviadas para os museus da Europa. No final do século 19, teve início de trabalhos monográficos com abelhas neotropicais, incluindo espécies brasileiras. Já no século 20, pesquisadores começaram a reconhecer várias espécies de abelhas solitárias do Brasil, dentre elas as abelhas do gênero Melipona -  as chamadas abelhas indígenas sem ferrão. Esse gênero é representado por muitas espécies de abelhas nas regiões tropicais e subtropicais do Planeta. 

A Uruçu-do-chão (Melipona quinquefasciata), assim conhecida por fazer seus ninhos no chão. Os ninhos são construídos em formigueiros abandonados e podem chegar até 4 metros de profundidade. Para a construção dos ninhos são usadas ceras e barro, sua arquitetura é bastante peculiar e ajuda na identificação das espécies de Meliponas. A colônia é formada pela rainha, zangões e operárias. A Uruçu-do-chão é uma abelha sem ferrão, produtora de mel, possui cerca de 10,5 mm de comprimento, com cinco faixas de coloração amarela no abdômen, tórax preto e asas amareladas. Ocorre nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Infelizmente, essa espécie encontra-se ameaçada de extinção, devido ao desmatamento, destruição de habitat, uso indiscriminado de agrotóxicos nas áreas antropizadas e intensa extração do mel por meleiros. Possui importante papel na polinização de espécies nativas. 

As Meliponas no geral, polinizam cerca de 30% das espécies da Caatinga e do Pantanal e cerca de 90% das espécies da Mata Atlântica. Contudo, fica claro que o desaparecimento desse gênero coloca em risco a flora e a fauna silvestre. 


Na trilha • Vai acampar? Saiba o que é indispensável levar. 
Estar na natureza é sempre uma experiência sem igual, imagina acampar com a família e com os amigos? Com a possibilidade de realização das atividades presenciais, preparamos um checklist básico para você estar preparado para essa aventura. Vamos lá? 

Primeiramente, há uma definição de local - se vamos para a floresta, campos abertos, áreas montanhosas ou planas, se há presença de cursos d’água ou não, entre outros. Depois disso, terá mais condições de listar suas necessidades. No entanto, independente do local, há itens que não ficam de fora. 

Começando pela barraca, o item que durante o acampamento se torna o nosso quarto. Atente-se ao tamanho e não se iluda achando que uma barraca para duas pessoas, caberão duas pessoas e seus pertences. Isso é mito. Os tamanhos de barracas variam e priorizar pelo conforto de um espaço é bem adequado. Colchonete ou saco de dormir, não podem ficar de fora. O saco de dormir é mais interessante, possui zíper e capuz, com isso, ficamos mais protegidos da friagem. Já o colchonete, dependendo da época do ano ou localidade, necessita de cobertores adicionais. O uso da manta térmica independe da temperatura, ela ajuda a manter a temperatura amena, seja no frio ou calor. Se usar travesseiros, leve. Não há nada mais revigorante que uma confortável noite de sono. Outro item inesquecível é a lanterna com pilhas. Se o local tiver fonte de energia elétrica, pode ser a lanterna recarregável também, você escolhe. Repelente e filtro solar são inseparáveis. Há locais em que a atividade dos mosquitos é intensa e carece do uso de repelentes a qualquer hora do dia, portanto, anote na lista. Um pequeno kit de primeiros socorros ajuda bastante. Leve os medicamentos que faz uso contínuo e se não for necessário, leve aqueles que tenha o costume de tomar quando sente dor ou alguma alergia; adicione esparadrapos, bandaids (curativos), algodão, água oxigenada vol. 10, faixa para bandagem e tesoura. Com esses itens, pequenos e médicos incidentes estarão a salvo. Em sua mochila, leve roupas e calçados confortáveis. Roupas que te protejam do intenso sol ou intenso frio e calçados que te ajudem, caso necessite andar por longas distâncias. Não se esqueça dos itens de higiene pessoal como sabonetes, creme e escova dental, papel higiênico e o que mais achar necessário. Utensílios para preparar as refeições como: panela, pratos e talheres, copos, alguma vasilha caso necessite lavar os alimentos, sabão e esponja. Quanto aos alimentos, escolha comidas fáceis de fazer, leve seus alimentos preferidos e aproveite esses dias na natureza
Bom acampamento!     


Entrevista • Fotografia da Conservação por Lujan Freitas
Fotógrafo, Graduado em Ciências Biológicas - licenciatura pela Universidade Norte do Paraná, Atuante como Brigadista Florestal voluntário - Brigada 1, Expedicionário Profissional com experiência  de campo na documentação de fauna e comportamento em ambientes hostis pela Rotas Verdes Brasil , Membro da comissão fiscal na Unidade de Conservação e Monumento Histórico Natural Serra do Elefante em Mateus Leme-MG aplicando as práticas e conhecimentos adquiridos do curso de Articulação e captação de recursos para UC's desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente. 



Por que biologia e fotografia e o que te fez interessar pela área de registro fotográfico? 
Bem, como a grande maioria das pessoas que de alguma forma amam estar na natureza, cresci em locais onde ambientes naturais eram bem acessíveis e o contato com a biodiversidade era quase inevitável. Aos 9 anos de idade, todo aquele contato e admiração pela natureza tornou-se mais forte através de um livro escolar de título "Natureza & Vida" dos autores Demétrio Gowdak e Eduardo Martins. No livro, havia inúmeras ilustrações e imagens retratando a biodiversidade: Animais Selvagens, Plantas, rios e florestas me despertou a curiosidade. Ver aquelas belas fotografias faziam minha imaginação viajar longe, pensando onde e como foram feitas. Mas como não tinha condições financeiras de comprar uma câmera fotográfica, que na época ainda era de filme/revelação, gostava de desenhar a lápis, a natureza. Esses foram os pontos iniciais que despertaram meu interesse por Biologia e Natureza.
 
Qual tipo de equipamento você indica para iniciar na fotografia?
Sou defensor de que o equipamento mais apropriado é aquele que você tem, seja ele um smartphone ou uma câmera digital, o que faz  a diferença é aprender sobre seus recursos e como utilizá-los ao máximo. Com o tempo, na medida que for evoluindo e entendendo que fotografia é mais questão de percepção, naturalmente irá em busca de equipamentos mais aprimorados e com mais recursos.
 
É possível fazer bons registros fotográficos com smartphones? Quais são suas dicas técnicas para utilização desse equipamento?
Os avanços tecnológicos vêm contribuindo cada vez mais para o melhoramento de equipamentos e as câmeras dos smartphones não ficam de fora. Para fazer uma boa fotografia com o celular uma ótima técnica a ser compreendida é saber se a luz do ambiente está pouca ou em excesso controlada pela função EXPOSIÇÃO da câmera, treinar os enquadramentos da fotografia também ajuda muito para o resultado final ser bom. Outra dica é utilizar aplicativos de edição para ajustar a iluminação, aprimorar cores, nitidez e etc...mas, na minha opinião, sempre respeitando a realidade da fotografia de natureza.
 
Atualmente, como fazer para dar valor monetário/vender/comercializar fotografias?
Dentre as várias, uma ótima forma de ganhar uma renda extra com a fotografia de natureza pode ser fazendo impressões dos seus registros autorais e as colocar em belas molduras de quadros para utilizar como item de decoração em restaurante, apartamentos, escritórios, salas, áreas de convivência e etc.
 
Quais fotógrafos da natureza você se inspira, estuda e segue? Já teve alguma experiência presencial com algum deles? 
Procuro sempre encontrar meu estilo próprio, mas falando de fotógrafos nacionais e populares é quase que impossível não ter uma enorme admiração pelo trabalho de Adriano Gambarini, Araquém de Alcântara, Ricardo Martins, dentre tantos outros e outras que admiro. Espero um dia ter a oportunidade de encontrar algum deles pessoalmente.
Queira compartilhar uma frase marcante, que você mais gosta, sobre fotografia. 
Gostaria de compartilhar um poema de Manoel de Barros que fala exatamente sobre a Percepção analítica que o fotógrafo deve ter como hábito ao fotografar. 

O fotógrafo [Manoel de Barros]

Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada minha aldeia estava morta
não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era o carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume...

Conte-nos como foi sua experiência no Pantanal e no quão isso agregou para sua formação e carreira.
Bem, o Pantanal por si só é incrível e para um fotógrafo de natureza é um prato cheio. Passei 6 dias no bioma acampado, atravessando a pé alagados com água na cintura e presenciando uma abundância de biodiversidade surpreendente. Foi lá, por meio do curso de formação de expedicionários ministrado pela Rotas Verdes Brasil, que aprendi várias técnicas de documentação de fauna e principalmente a questão comportamental, pois, estar na selva exige muito equilíbrio principalmente psicológico.

Qual bioma ou região, dentro ou fora do Brasil, mais chama a sua atenção para fotografar?
Sou natural do Cerrado, bioma que amo de corpo e alma mas tem um bioma, pouco mencionado aqui no Brasil, que chama muito minha atenção: Gran Chaco. Localizado entre Brasil, Bolívia, Argentina e Paraguai. Estou comentando uma expedição até o bioma para mostrar às pessoas, através da fotografia,  o quão ameaçando, assim como o Cerrado, ele se encontra.

Quais animais você já esteve frente-a-frente? Conte-nos sobre os momentos mais marcantes.
Dentre Jacarés, Queixadas, Veados e Iraras, o Lobo-guará foi, sem dúvidas, meu encontro mais marcante, foi olho no olho a menos de dois metros. Sou apaixonado pela a espécie e sempre busco boas literaturas para melhor conhecê-la.

Por fim, como a fotografia pode ser uma aliada na conservação da biodiversidade e da natureza?
Quando uma pessoa me sugere  um filme, documentário ou vídeo me desperta a curiosidade, mas, quando vejo, a curiosidade que ainda está na imaginação torna-se admiração ou até mesmo comoção, empatia e é nesse sentido que mostrar uma fotografia ou filmagem, por exemplo,  de um tamanduá fugindo do desmatamento, ajuda a conectar e despertar o sentimento de amor pela natureza. 
Também, a fotografia de espécies, sejam elas da Fauna ou Flora são de alta importância para contribuir com estudos acadêmicos em diversas disciplinas ligadas ao meio ambiente como um todo e como fotógrafo é aí que minhas fotografias ganham sentido. 

Lab • Microscopia: seus tipos e funcionalidades 
A descoberta de Zacharias Jansen em 1591, é hoje uma das ferramentas mais utilizadas e de grande importância para o estudo da ciência: o microscópio. Desde sua descoberta, até os dias atuais, o microscópio passou por modificações evolutivas que possibilitaram estudos avançados nas ciências médicas. Somente com esse equipamento, é possível a observação e entendimento de materiais jamais vistos a olho nu. A partir dessa possibilidade, o que era desconhecido passa a ser objeto de atenção e pesquisa em todo mundo. 

Os principais tipos de microscopia hoje utilizados são: microscopia eletrônica e microscopia óptica. 

Na microscopia eletrônica são utilizados feixes de elétrons para iluminar a amostra. Com suas lentes eletrostáticas e eletromagnéticas, é possível ampliar a resolução até 0,2 nanômetros. Os principais tipos de microscópios dessa categoria são: Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), capaz de ampliar o objeto cerca de 100 mil vezes, obtendo imagens tridimensionais. Já o microscópio Eletrônico de Transmissão (MET), pode ampliar o objeto cerca de um milhão de vezes, além disso pode medir a dureza e elasticidade da amostra.

Já na microscopia óptica, são utilizados feixes de luz e ampliam a imagem em até 200 nanômetros. Os tipos de microscópio nessa categoria são: microscópio ultravioleta, que utiliza-se radiação ultravioleta; microscópio de fluorescência, cuja substância fluorescentes possibilita a observação através do brilho gerado; microscópio de contraste de fase, os diferentes feixes luminosos geram contraste no material observado; e o Microscópio de polarização, formado por prismas – um polarizador e outro analisador. Neste tipo de microscópio os materiais utilizados podem observar os ossos, músculos, fibras, cabelos, etc.
Nossos resíduos • Mais lixo nos oceanos 
Como é sabido, o descarte incorreto de lixo atinge inimagináveis ambientes na natureza, inclusive nos oceanos. Essa problemática não é algo novo e tem sido discutida desde muito tempo. Além das toneladas de plásticos que são despejadas em ambiente marinho, atualmente, bilhões de máscaras também ganharam esse destino e vêm sendo descartadas nos oceanos. Segundo estudos recentes, o tempo de decomposição do material ainda é indeterminado. Isso agrava ainda mais a poluição das águas salgadas, afeta drasticamente a saúde e vida da fauna marinha e, em se tratando de cadeia alimentar, também afeta a saúde humana. Segundo, Gary Stokes, diretor de operações da OceansAsia - organização que atua com a conservação dos oceanos - “A poluição por plástico mata cerca de 100.000 mamíferos marinhos e tartarugas, mais de um milhão de aves marinhas e um número ainda maior de peixes, invertebrados e outros animais a cada ano”. 
Natu 21 • 14/12/2021 • Uruçu-do-chão (Melipona quinquefasciata) • Redação • Direção: Nathália Araújo; Conteúdo: Amanda Costa; Rodrigo Viana; Fotografias: Jonatas Rocha, Lujan Freitas; Vladimir Borovic.

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