O Cerrado e as Matas de Galeria

Nathalia Araújo


Interior de uma Mata de Galeria no Cerrado da Chapada dos Veadeiros.

Também conhecida como mata ripária, que significa vegetação próxima a corpos d' água, a Mata de Galeria acompanha rios de pequeno porte e córregos formando corredores fechados sobre o curso de água. Normalmente, a Mata de Galeria está localizada nas cabeceiras de drenagem ou vales, cujos canais são rasos e ainda não foram escavados.

Essa fitofisionomia é perenifólia, ou seja, não há queda de folhas na estação seca, permanecendo sempre verde no decorrer do ano. É comum notar que a Mata de Galeria está envolta de uma vegetação que não forma uma floresta, comumente é muito notável, por formação savânica e campestre. Vale ressaltar que essa área de transição entre as formações citadas, são sutis quando se trata da Mata Ciliar, Mata Seca ou Cerradão.

A altura das árvores pode variar de 20 a 30 metros e a cobertura do dossel está entre 70% e 95%. A umidade é relativa em qualquer época do ano, no entanto, uma sensação térmica amena costuma ser notada e apreciada em seu interior. É comum a presença de plantas epífitas, estas são conhecidas por viver em cima de outras plantas, mas sem parasitá-las. Podemos citar de exemplo a família Orchidaceae que ocorre em todo Cerrado, no entanto, é mais abundante nessa fisionomia.  

Aspecto externo de uma mata de galeria no Cerrado.

Os tipos de solos que podem ocorrem em Mata de Galeria são: Cambissolos, Plintossolos, Argissolos, Gleissolos ou Neossolos e Latossolos que se assemelham aos do Cerrado sentido amplo. Os Latossolos costumam ser mais ácidos e férteis, em virtude do acúmulo de matéria orgânica advinda da vegetação dos arredores.

A Mata de Galeria dispõe de dois subtipos: Inundável e não-Inundável. Isso está relacionado à topografia e a mudança na altura do lençol freático no decorrer do ano. 

Mata de Galeria não-Inundável significa que o lençol freático não permanece próximo à superfície na maior parte dos trechos durante todo o ano e mesmo na estação chuvosa. Possui áreas planas e áreas acidentadas. É constituída de solos bem drenados e a linha de drenagem, também chamada de leito do córrego, é bem definida. 

Há forte presença das famílias botânicas Apocynaceae (Aspidosperma spp. - perobas), Lauraceae (Nectandra spp., Ocotea spp. - canelas, louros) e Fabaceae (Apuleia leiocarpa - garapa; Copaifera langsdorffii - copaíba; Hymenaea courbaril – jatobá) e Myrtaceae (Gomidesia lindeniana - pimenteira, Myrcia spp.). E outras espécies vegetais como: Bauhinia rufa (pata-de-vaca) e Cheiloclinum cognatum (bacupari-da-mata).

Outro subtipo de Mata de Galeria é a Inundável. Nela, a vegetação percorre todo curso de água e o lençol freático se mantém próximo a superfície em todo esse trecho, seja na estação seca ou chuvosa. Também se dispõe de trechos planos e acidentados. Possui pouca drenagem no solo e a linha de drenagem, não é bem definida. 


Mata de Galeria inundada no Cerrado.

Há forte presença das famílias botânicas Magnoliaceae (Talauma ovata – pinha-do-brejo), Melastomataceae (Miconia spp., Tibouchina spp. – quaresmeira), Piperaceae (Piper spp.) e Rubiaceae (como as espécies Coccocypselum guianense, Palicourea spp., Posoqueria latifolia e Psychotria spp.). E outras espécies vegetais como: Croton urucurana (sangra-d’água), Euplassa inaequalis (fruta-de-morcego), Mauritia flexuosa (buriti) e Guarea macrophylla (marinheiro).

Existem espécies que são indiferentes quanto ao nível de inundação do solo, entre elas está a Schefflera morototoni (erva-de-gralha), Styrax camporum (cuia-do-brejo) e Tapirira guianensis (pau-pombo).

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