Você conhece o Bioma Cerrado?

Equipe Joe: Antônio Victor, Beatriz Paes, Débora Tomiatti, Giulianny Alves, Jakqueline Sousa, Maíza Grazielle

Você conhece o Bioma Cerrado? Quais são suas principais características? No texto abaixo apresentamos alguns dos motivos que tornam esse bioma tão singular. Confira!


Segundo Borlaug (2002), o Cerrado só perde para a Amazônia em extensão, sendo classificado como o segundo maior bioma brasileiro. Ocupa 21% do país e também é conhecido como a última fronteira agrícola da terra. O seu nome é utilizado para designar o conjunto de ecossistemas (savanas, matas, campos e matas de galeria) que ocorrem no Brasil Central (EITEN, 1977; RIBEIRO et al., 1981). O clima desse bioma é estacional, com um período chuvoso, que dura de outubro a março, e um período seco, de abril a setembro, e apresenta temperaturas geralmente amenas ao longo do ano, entre 22°C e 27°C em média (HARIDASAN, 1982).

O Cerrado brasileiro é a maior e mais rica savana neotropical, sendo considerado um hotspot de biodiversidade que contém uma rica comunidade de plantas (mais de 12.000 espécies com alto nível de endemicidade) (MYERS et al., 2000; SILVA; BATES, 2002). No entanto, os níveis de desmatamento e destruição deste bioma são alarmantes, onde 49% da sua cobertura natural já foi perdida, e tão pouco quanto 19,8% permanece imperturbável. As principais causas do desmatamento do Cerrado são as monoculturas e pastagens, enquanto os reservatórios hidrelétricos e a expansão das áreas urbanas são causas secundárias (MMA, 2016). Alguns previsões mostram um cenário muito sombrio para a vegetação nativa em um futuro próximo. 

Por volta de 15% das terras brasileiras estão sob algum tipo de Proteção, no entanto, essas unidades de conservação são distribuídas de maneira muito desigual entre os biomas, sendo o Cerrado um dos menos protegidos. Embora a savana brasileira representa 30% da biodiversidade do país, uma quantidade muito pequena de sua superfície é protegida. Cerca de 8,21% de seu território está legalmente resguardado por unidades de conservação, desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável (MMA, s.d.). Além disso, considera-se que unidades de conservação com gestão mais restritivas sem ocupação humana, como as unidades de Proteção Integral, são mais eficazes para preservar a biodiversidade. A presença humana nas unidades de conservação pode aumentar as taxas de desmatamento e incêndio, promovendo a perda de habitat.

A biodiversidade de espécies é representada principalmente pela presença de mais de 6 mil espécies de árvores, 800 espécies de aves e 14 mil espécies de insetos, representando 47% da diversidade de insetos do Brasil. Estudos indicam a possibilidade de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das abelhas sejam endêmicas (MMA, s.d.). A sua quantidade de espécies é similar àquela encontrada em formações de florestas. Segundo pesquisadores, na região do cerrado, pode ocorrer até 5% da fauna mundial, sendo cerca de um terço da fauna brasileira (DIAS, 1982).

Por fim, o Cerrado é considerado o berço das águas por abrigar diversas nascentes, constituindo-se o local de origem das grandes bacias hidrográficas brasileiras e do continente sul-americano. Em seu domínio nascem os rios: Parnaíba, Paraguai, Paraná, Tocantins-Araguaia, São Francisco e Amazônica. O Paraguai e Paraná se juntam ao rio Uruguai e formam a bacia do Prata. Podendo ser encontrado também três grandes aquíferos: Guarani, Bambuí e Urucuia. Sendo assim, o Cerrado contribui com 43% da água superficial do Brasil fora da Amazônia (LIMAS; SILVA, 2007).

Referências

DIAS, B.F.S. Alternativas de desenvolvimento dos Cerrados: manejo e conservação dos recursos naturais renováveis. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Pró-Natureza (Funatura), Brasília. 1992.

EITEN, G. Delimitação do conceito de Cerrado. Arquivos do Jardim Botânico, Rio de Janeiro 21:125-134. 1977.

HARIDASAN, M. Aluminum accumulation by some Cerrado native species in Central Brazil. Plant and Soil 65: 265-273. 1982.

LIMA, J.E.F.W.; SILVA, E.M. “Estimativa da contribuição hídrica superficial do Cerrado para as grandes regiões hidrográficas brasileiras”. In: Anais do XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 2007, São Paulo: ABRH, 2007.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). O Bioma Cerrado. [s.d.]. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado> Acesso em 15 de Julho de 2020.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Plano de Ação para a Prevenção e o Controle do Desmatamento no Cerrado. 85p. 2016.

MYERS, N. R.A.; MITTERMEIER, C.G.; MITTERMEIER, G.A.B. da F; KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, 403: 853-858. 2000.

RIBEIRO, J.F., SANO, S.M.; SILVA, J.A. da. Chave preliminar de identificação dos tipos fisionômicos da vegetação do Cerrado. pp. 124-133 In: Anais do XXXII Congresso Nacional de Botânica. Sociedade Botânica do Brasil, Teresina, Brasil. 1981.

SILVA, J.M.C. da; BATES, J.M. Biogeographic patterns and conservation in the South American Cerrado: a tropical savanna hotspot. BioScience 52: 225-233. 2002.

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