Caatinga viva

No dia de hoje, 28 de abril, celebramos e exaltamos a abundância do bioma Caatinga, o semiárido com maior densidade populacional do mundo. Único bioma exclusivamente brasileiro, ocupando mais de 50% da região nordeste, muitas vezes associado à pobreza e escassez, a Caatinga abriga muita vida e riquezas naturais. Precisamos conhecer mais dos nossos ambientes para cuidar e conservar, por isso, apresentamos curiosidades sobre o bioma.

O nome Caatinga vem do tupi. Caa significa mata; e tinga, branca.
O nome Caatinga tem origem no idioma tupi e significa mata branca, o que faz referência à luz do sol e sua vegetação sem folhas no período de seca, predominando na paisagem uma visão clara e branca dos troncos das árvores.
A caducidade das folhas é uma das principais características da vegetação da Caatinga. Isso porque, no período seco, sem chuvas e muito quente, as plantas perdem as folhas estrategicamente, pois assim reduzem a superfície de evaporação e a perda de água e conseguem sobreviver até as chuvas retornarem. Além da perda das folhas, as árvores são geralmente baixas, os troncos tortuosos e com espinhos. Já com água, a paisagem se transforma e a Caatinga se renova. Vários tons de verde tomam conta da região deixando o ambiente maravilhoso novamente. 

Território e Biodiversidade
O bioma Caatinga possui aproximadamente 740.000 Km2, isso é aproximadamente 10% do território brasileiro. Há muita vida na Caatinga! De acordo com estudo sobre a biodiversidade da Caatinga, em 2018, são mais 371 espécies nativas de peixes, 98 de anfíbios, 224 de répteis, 548 de aves e 183 mamíferos e mais de 700 espécies de plantas exclusivas da região, ou seja, endêmicas. Uma dessas espécies é a ararinha-azul, ave com o maior risco de extinção no mundo. Outra ave símbolo da Caatinga é o carcará. A ave de rapina é facilmente encontrada nesse bioma e ficou popularizada no país inteiro por inspirar letras de músicas que falam do sertão nordestino.

Entre as espécies vegetais, destacam-se o mandacaru, o xique-xique e o juazeiro, todas elas especialmente adaptadas para as condições climáticas particulares da Caatinga, mostrando a grande diversidade e riqueza que se apresenta nesse pedaço da natureza.

Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e concentra-se, principalmente, na região nordeste do país. Está presente em grandes faixas do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e também no norte de Minas Gerais. O clima semiárido predomina na Caatinga e suas características são a baixa umidade e o pouco volume de chuvas com períodos longos de estiagem. A Caatinga é o semiárido com maior densidade populacional do mundo e com espécies endêmicas altamente adaptadas ao clima.  


Exploração e degradação 
O bioma já foi bastante explorado ao longo dos anos e mais de 40% de sua vegetação nativa foi perdida, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. A Caatinga tem sido explorada indevidamente desde a colonização portuguesa, com práticas agrícolas inadequadas, como o uso do fogo, desmatamento para abertura de pasto, para extração da mata nativa, que é convertida em lenha e carvão vegetal destinados principalmente aos pólos gesseiro e cerâmico do Nordeste, e, mais recentemente, para instalação de parques eólicos. A degradação e desmatamento nessa região é preocupante especialmente devido à exclusividade do bioma e sua biodiversidade, e porque afeta a disponibilidade dos recursos hídricos na região, a qual já é limitada na região.

Altas temperaturas
O clima da Caatinga é o semiárido, caracterizado por temperaturas médias elevadas, entre 25 e 30°C, e baixa precipitação, apresentando entre 400 e 1200 mm por ano. O solo pode chegar a 60º C durante o período de seca, isso ocorre devido à intensa exposição ao sol, que aquece a superfície do solo. Sem a umidade da chuva para ajudar a regular a temperatura, o solo absorve mais calor, levando a temperaturas muito altas. Além disso, a falta de cobertura vegetal no período seco também contribui para o aquecimento do solo, já que não há sombra para protegê-lo.


Intensa luminosidade
A luminosidade é elevadíssima, chegando a 2.800 horas de luz solar por ano.
O Ceará é o estado que está 100% dentro da Caatinga e, coincidentemente,  é chamado de Terra da Luz. Na verdade, o termo é uma referência ao fato do Ceará ter sido a primeira província a abolir a escravidão. No entanto, relacionando a luminosidade da Caatinga, o Ceará, a terra da luz, é um lugar ideal para a instalação de painéis solares, com a abundância de luz solar pode gerar uma quantidade significativa de energia limpa e renovável, contribuindo para a sustentabilidade e redução da dependência de fontes de energia não renováveis. Hoje é o estado que mais se destaca na instalação de paineis solares na região Nordeste.


Diversidade do solo
O domínio morfoclimático das Caatingas proporcionam uma variedade e complexidade nos tipos de solo. Isso porque os solos resultam da ação combinados dos processos e fatores de formação, como o clima, o relevo, o tempo e a ação dos organismos. Os relevos são variados, com especificidades e formas modeladas durante milhões de anos pelo clima da região – serras, chapadas, planaltos e depressões. 

Nesse sentido, de acordo com a Associação Caatinga, 70% dos terrenos no bioma são de origem cristalina (um tipo de rocha matriz dura e antiga, que ocupa metade do território e não favorece o acúmulo de água) e 30% são representados por terrenos sedimentares (com boa capacidade de armazenamento de águas subterrâneas). A variedade de solos e relevos resulta em uma variedade de paisagens na Caatinga.

As Caatingas
A Caatinga possui uma variedade de vegetações dentro do mesmo bioma, por isso também fala-se em “as caatingas”. As fitofisionomias da Caatinga são divididas em quatro categorias:
– Caatinga arbórea: árvores altas, que chegam a 20 m e formam uma copa contínua, oferecendo sombra em seu interior no período de chuva;
– Caatinga arbustiva: localizada nas áreas baixas e planas, possui árvores de até 8 m de altura, como espécies de cactos e bromélias;
– Mata seca: presente nas encostas e topos das serras e chapadas. As plantas da mata seca perdem as folhas em menor quantidade no período seco.
– Carrasco: ocorre somente a oeste da chapada da Ibiapaba e ao sul da chapada do Araripe e possui arbustos de caules finos, tortuosos e emaranhados, difíceis de penetrar.

Dia da Caatinga
O dia 28 de abril foi instituído como o Dia Nacional da Caatinga. A data é uma homenagem ao pesquisador pernambucano João Vasconcelos Sobrinho, pioneiro nos estudos ambientais e para conservação da natureza no país e que desmistificou a Caatinga como um bioma escasso, pelo contrário, exaltou suas riquezas e biodiversidade. A data não só celebra e exalta o bioma, como também é um alerta para sensibilizar pela preservação e importância da Caatinga para todo o país, especialmente para a região Nordeste.

Leia mais:
Conheça e Conserve a Caatinga: a floresta que é a cara do Brasil. Associação Caatinga. 2022. 

No dia da Caatinga, três curiosidades do bioma exclusivamente brasileiro. Amanda Costa, org. Instituto Jurumi. 2020. 

Único bioma 100% brasileiro, Caatinga esconde riquezas naturais subestimadas. Reportagem por João Paulo Vicente. National Geographic Brasil. 

Natu Caatinga viva • 28/04/2024 • Redação • Direção: Rodrigo Viana; Edição: Amanda Costa, Bruno Medeiros, Samyra Paola, Kiuany Cabral, Edinaldo Geremias; Fotografias: Bruno Medeiros, Kiuany Cabral, Edinaldo Geremias – Treeducar.

Essa edição especial é associada à Natu do Instituto Jurumi.

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