Natu 36


Espécie • Araticum (Annona crassiflora
Essa espécie pode atingir entre 4 e 8m de altura, tem um tronco geralmente torto e curto, com aproximadamente 30cm de diâmetro e uma casa acinzentada com fissuras. O Araticum tem folhas simples, alternas, coriáceas (tipo um couro), oblongo-lanceoladas (ou seja parecido com estreitas em curvas), com uma extremidade mais aguda; as nervuras são peninérveas (folhas que têm uma nervura central e dela várias nervuras secundárias). A flor é solitária, axilar, carnosa com tons verde-amarelados. Já o fruto do araticum é do tipo baga subglobosa (quase redonda), possui cerca de 15cm de diâmetro e pode ter centenas e centenas de gramas. Esse fruto tem forma oval, é marrom-claro por fora, meio peludo e tuberculado (são esses pequenos ganchos). Quando está maduro, apresenta coloração verde-amarelada, tem uma polpa amarelada bem aromática e sementes numerosas, de formato ovalado e pontudo. Araticum atrai animais como aves e grandes mamíferos. Inclusive é apreciado em doces, geleias e sobremesas. As folhas também são aromáticas se forem amassadas com a mão. Na família do araticum, a Annonaceae, existem outras espécies bem conhecidas, a exemplo da pinha ou fruta-do-conde e da graviola. 



Na trilha • por que é melhor trilhar em companhia?
Às vezes a gente quer andar, ter um contato com a natureza e as trilhas aparecem como uma das primeiras opções. Para realizar trilhas e ter uma boa experiência elencamos aqui alguns motivos para fazer em boa companhia:
- Histórias compartilhadas: a trilha reserva surpresas, como uma floração no trajeto ou algum animal que aparece. Quando estamos em companhia, compartilhamos esses momentos e temos uma experiência em conjunto, o que é mais legal!
- Ajuda e cuidados: porque pode acontecer um imprevisto, algum mal-estar ou outra situação que precise de um cuidado, e estar com pessoas vai permitir um cuidado ou ajuda, o que vale muito!
- Reflexões: o ato de caminhar na natureza permite novos pensamentos, um arejar de ideias e é possível que você possa rever os planos ou considerar de outra forma, ou simplesmente ter um respiro do cotidiano.
- Boas risadas: as trilhas costumam reservar momentos, engraçados! Seja num susto, num tombo, você terá um momento de descompressão da modernidade e poderá rir com quem estiver em sua companhia!

Reúna-se com quem estiver a fim de caminhar e compartilhe momentos na trilha!


Entrevista • Médica de animais da selva por Raquel Meneses
Médica Veterinária especialista em Clínica e Cirurgia de Animais silvestres, com experiência em resgate de fauna, CETAS (centro de triagem de animais silvestres), zoológico, manejo de filhotes, manejo de animais silvestres em cativeiro, clínica e cirurgia de animais domésticos e silvestres. Integra o Núcleo de Medicina da Conservação e Saúde Ambiental do Instituto Jurumi.


Por que você escolheu a medicina veterinária?
Escolhi a Medicina Veterinária porque desde que me conheço por gente, ou seja, desde pequenininha eu falava que ia ser médica dos animais da selva. 😍❤️ E hoje muito feliz de poder trabalhar com eles, os animais silvestres 💞😍😀

Você participou de atividades com profissionais de diferentes formações. O que você gostaria de compartilhar com estudantes e colegas de área sobre dividir mais as experiências?
Que na área de veterinário de silvestres, se engana quem pensa que o veterinário pode trabalhar sozinho. Eu falo que o lugar perfeito é composto por um médico veterinário, um zootecnista e um biólogo. As 3 áreas trabalhando em conjunto pelo principal, o bem estar animal. 

Quais pontos você aponta para melhorias para sua área?
Mais valorização do veterinário de animais silvestres, salários mais dignos e horários menos extensos. É sumariamente importante ter uma equipe para não esgotar o profissional. 

O que você vê hoje como um erro e não recomenda para quem está começando?
Considerar que se matar de trabalhar vale a pena. Saúde mental é tudo. E trabalho nenhum vale nossa saúde mental. Ame o que faça, mas saiba ter vida além de trabalho.
Quais espécies marcaram mais você em seus atendimentos?
Preguiças, tamanduás, crocodilos, tigres, onças... todas na verdade. Cada uma é única e me ensina algo. 

O que você acha sobre os animais silvestres como pet?
Completamente contra. Quando trabalhava no CETAS de Brasília recebia muitos macacos pregos comprados de forma legal, mas quando começam a adolescência e viram mini terroristas as pessoas já não querem, enviam a centros de resgate.  E o que passa? Zoológicos com vários animais em cativeiro pq não existe chance de reintrodução.. Animais silvestres não são pets. Não devem ser tratados como. E para mim isso ajuda a fomentar o tráfico. Porque pessoas que não podem pagar caro de criadouro legalizado, buscarão comprar de traficante mais barato. 

Comente apenas um de seus sonhos com silvestres?
Tinha o sonho de ter meu próprio centro especializado em Xenarthras. Hoje eu não tenho meu próprio centro. Mas ajudei a construir o centro onde trabalho na Costa Rica. E na verdade isso faz parte do meu sonho. 

Qual área da medicina veterinária que você não atua mas gostaria de atuar? Por quê?
Tenho um sonho de trabalhar com perícia veterinária. Acho fascinante essa área. Sem dúvidas se não trabalhasse com silvestres buscaria essa área.
Interações • Lobo-Guará - Lobeira
As relações ecológicas são imprescindíveis para o equilíbrio das espécies que interagem entre si, podendo resultar em efeitos definitivos para toda a comunidade, algumas vezes essas interações poderão ser benéficas e outras não. Essas interações são essenciais para sobrevivência e a reprodução dos organismos, também para a manutenção dos serviços ecológicos como por exemplo, a dispersão de sementes, em que, muitas vezes formam uma complexa rede de interações.

O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) o maior canídeo da América do Sul com cerca de 1.504 m de comprimento total e 25 kg de peso, possui hábitos noturnos, crepuscular, solitário, evasivo e onívoro, tem sua dieta baseada em pequenos e médios mamíferos e frutos, consumindo principalmente roedores e a planta lobeira (Solanum lycocarpum). A lobeira é um arbusto perene típico do Cerrado brasileiro, pertencente à família Solanaceae, podendo medir de 3 á 4 metros de altura. Possui ramos cilíndricos, lenhosos e tortuosos. As folhas são duras e espinhosas e os frutos têm forma globosa, ligeiramente achatada tendo de 8 a 12 cm de diâmetro. As grandes abelhas Xylocopa são consideradas seus polinizadores mais frequentes e eficientes devido às características florais, em que estão de acordo com a polinização por zumbido ou como também chamada polinização vibrátil.

Embora os frutos cresçam durante todo o ano, sua disponibilidade varia sazonalmente, no entanto, a espécie frutifica mais intensamente no período chuvoso. Os animais selvagens consomem seus frutos, especialmente os lobos-guará, sendo considerado o principal dispersor da espécie S. lycocarpum, sendo altamente consumidas pelos lobos-guará durante o ano todo.

A espécie é indispensável à sobrevivência do lobo-guará. A interação das duas espécies é de um nível tão próximo que 50% de sua dieta do lobo vem desta planta, da qual exerce um potencial de proteção a sua saúde, agindo como vermífugo e eliminando o verme-gigante-dos-rins, que é frequente e normalmente fatal para o lobo.

Natu 36 • 21/03/2023 • Araticum (Annona crassiflora) ■ Redação • Direção: Rodrigo Viana; Conteúdo: Henrique; Lívia Malatrasi, Rebeka Câmara; Fotografias: Raquel Meneses (arquivo pessoal); Marcelo Kuhlmann, Frutos Atrativos do Cerrado.

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