Natu 3


Na trilha • Registros selvagens para incentivar a conservação da natureza
Quando planejamos realizar uma trilha, em geral, levamos na mochila um conjunto de utensílios, materiais e equipamentos que possivelmente vamos utilizar no campo. É importante estar sempre preparado à experiência que busca e aos possíveis imprevistos que podem ocorrer pelo caminho. Esteja portando consigo uma câmera fotográfica ou qualquer equipamento que possa registrar um momento selvagem. E como seria esse momento selvagem? Por entre os caminhos, é possível encontrar vestígios como pegadas, fezes, penas, pelos, tocas de animais, assim como, pequenos invertebrados, belas flores e frutos, além de majestosas árvores formando a paisagens. Inspire-se no céu azul ou nas nuvens que compõem o nublado do dia e faça boas fotografias. Lembre-se: tão importante quanto o registro selvagem que você fez é saber divulgar com responsabilidade esse material para que isso gere nas pessoas o hábito de admirar, querer bem e conservar esse local tão importante para nós quanto a conservação da biodiversidade, que são as florestas, parques e estações ecológicas.
 É um gênero botânico que compreende cerca de 300 espécies distribuídas ao longo da América do Norte, Central e América do Sul. Dessas 300 espécies, 179 ocorrem especialmente no Brasil e 140 são endêmicas. Possui a forma de vida herbácea e pode aparecer em substratos aquáticos, rupícolas e terrícolas. Há ocorrência confirmada em todas as regiões e biomas do país, no entanto, se vê com mais frequência em solos brejosos do Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga e Amazônia. Essas ervas pode ser perenes e ocasionalmente anuais. Isso significa que a maioria das espécies possui um ciclo de vida longo e outras pouco mais de um ano de vida, assim que floresce, deixam seus frutos e morrem. Os frutos não são carnosos, são deiscentes e abrem quando estão maduros. As folhas são rosuladas, distribuídas ao longo do caule e as flores são trímeras: com pétalas, sépalas, carpelos, estames sempre em três ou múltiplos de três. 

São algumas espécies do gênero Xyris paradisiaca, Xyris jupicai, Xyris diaphanobracteata, Xyris riopretensis, Xyris cipoensis, Xyris platystachia, Xyris longiscapa, Xyris trachyphilla, Xyris schizachne, Xyris hymenachne.

No Instituto • CBVS 2020 
O 2º Congresso Brasileiro de Vida Silvestre está com inscrições abertas e  tem por objetivo realizar interações, através de tecnologias disponíveis, com discussões sobre a vida silvestre de forma compacta, propositiva e democrática, num evento técnico-científico que reúne comunidade acadêmica, técnicos, integrantes de organizações da sociedade civil, representantes de organizações governamentais e demais pessoas que atuam ou têm interesse na temática da vida silvestre. O tema em 2020 é ‘Analogia Virtual’ - Num mundo com tantos conhecimentos, informações, semelhanças e diferenças, tudo pode ser comparado? Pode-se fazer comparações a qualquer tempo? É tudo a mesma coisa? Nem tudo é o que simplesmente parece ou o que a gente pensa que é. Por isso, o saber é tão importante. Mais uma vez todos os trabalhos abordam espécie(s) com ênfase nas relações com o ambiente e associação com o ser humano e a sociedade. O Evento recebe resumos, fotografias, terá palestras e minicursos, entre os dias 10 e 14 de Setembro de 2020, com todas as atividades virtuais. Mais informações no site congresso.vidasilvestre.org.br  
Entrevista • A importância das serpentes num Papo de Cobra por Claudio Machado 
Biólogo, tem muita experiência na área de Zoologia, com ênfase em Herpetologia, Saúde Pública e em Divulgação Científica, além das atividades desenvolvidas criou o Papo de Cobra com canal no Youtube


Você sempre quis atuar na área da herpetologia e saúde pública?
Meu interesse pela herpetologia começou criança lendo enciclopédias de bichos que eram vendidas por fascículos nas bancas de jornal. Mas nunca havia pensado que se tornaria uma profissão. Isso começou a ficar mais claro para mim logo no primeiro ano da Faculdade. Cursava biologia da UERJ quando comecei a ter um contato mais próximo com serpentes e outros répteis. Foi o início de tudo. Depois de formado passei anos como professor de nível médio e pré-vestibular e posteriormente, passei em um concurso público para o Instituto Vital Brazil para atuar como biólogo no serpentário. Por ser uma Instituição de saúde pública, fui conhecendo um pouco do outro lado da estória, o lado da epidemiologia dos acidentes por serpentes. Isso me despertou tanto interesse que fui fazer mestrado em Comunicação e Informação em Saúde   para compreender melhor o fluxo das notificações de acidentes por serpentes e, posteriormente, fiz doutorado em Medicina Tropical.

Dentre os projetos que você teve ou tem, quais os que você mais gostou de atuar? Por quê?
O que mais gostei foi a diversidade de projetos que me envolvi. Apesar de minha área central ser epidemiologia dos acidentes por serpentes, tive a possibilidade de participar de projetos que envolveram diversos outros temas como: micro-anatomia no estudo de serpentes, ecologia, taxonomia, comportamento, parasitologia, etc. Isso me fez conhecer e trabalhar com diversos pesquisadores de alto nível e, poder trazer alunos para  esses projetos também. Orgulha-me ter podido publicar com diversos grupos de pesquisadores de áreas bem diversas e ter aprendido muito com eles.

Qual a serpente que mais te desafiou em questão de conteúdo para o canal?
Todo video do canal é uma oportunidade de aprofundar mais naquela espécie ou naquele tema. Muita gente acha que fazer um vídeo de 5-10 minutos é coisa rápida. Não é. Preciso fazer um roteiro do que vou ou não falar, preciso pensar na linguagem adequada, verificar na literatura o que saiu de mais recente sobre o tema, etc. Só depois disso vem o gravar. E não acaba aí também. Depois tem que editar video e audio, corrigir cor, subir o vídeo, fazer título, descrição e a capinha do vídeo que vocês vêem quando fazem busca no Youtube ou Google. Isso tudo normalmente demora até 5 horas e às vezes mais. Tudo isso para vocês verem 5-10 minutos. Como o canal não tem patrocínio, não tenho uma equipe para fazer isso. Então, respondendo a sua pergunta, cada vídeo, independente da serpente, é sempre um desafio único.

Já sofreu algum acidente ofídico?
Em 30 anos de carreira, ainda não. E a resposta é "ainda" porque sempre há o risco de acontecer. Não aconteceu talvez porque eu seja muito rígido quanto às normas de segurança no manejo de serpentes. Por isso me preocupo quando vejo pessoas em outros canais manuseando cobras sem cuidado, querendo passar a ideia que tem habilidades especiais e tem uma técnica nova que as impede de serem acidentadas. Infelizmente isso acaba colocando-as em risco, e pior, acaba estimulando outras pessoas a pegarem serpentes sem terem o devido treinamento para isso. 
Qual o maior desafio em ensinar sobre cobras?
Talvez o mais difícil seja tirar esse estigma que as cobras possuem de um animal violento, mortal e traiçoeiro que deva ser morto sem dó nem piedade seja onde for. Mesmo cobras venenosas (que são pouco mais de 10% delas) podem e devem ser contidas sem que sejam mortas. Quando criei o canal falando exclusivamente sobre serpentes e explicando sobre o porquê nós não devemos matá-las, achei que poucas pessoas ficarem interessados ou receptivos para ele. Com mais de 30.000 inscritos e vídeos que passaram de 800 mil visualizações percebi que há uma grande parcela da população interessada em aprender  mais sobre esses animais. Existem vários canais de pessoas que utilizam cobras como tema, mas sem a preocupação de ensinar corretamente. Há uma tendência em querer demonstrar uma "coragem" pegando serpentes com as mãos, sem cuidado ou técnica, e muitas vezes oferecendo explicações erradas, até porque não são profissionais na área. Existem bons canais de sobrevivência e biologia, feitos por pesquisadores sérios, mas infelizmente são exceções. A TV e o cinema também não oferecem normalmente informações científicas, preferindo também o sensacionalismo. O Papo de Cobra veio ocupar um nicho vago e exclusivo para ciência com serpentes. Felizmente vem sido bem recebido pelo público, pois o crescimento tem sido totalmente orgânico, pois como falei anteriormente não temos verba ou apoio para investir em propaganda ou grandes produções.

O que o levou a estudar ciências biológicas?
O interesse por animais. Sempre quis ser zoólogo, embora tenha me decido por estudar serpentes somente na faculdade. Mas felinos, insetos, aves sempre me interessaram também. Embora, confesso, as serpentes, sempre mal vistas, são especiais para mim.

Qual a situação mais perigosa já viveu em sua vida como biólogo?
Riscos sempre aparecem com quem trabalha com serpentes. Seja em expedições de coleta de campo ou mesmo dentro de um laboratório em uma extração de veneno. Como falei, muitas vezes o que evita o acidente é seguir fielmente as regras de segurança. Então, diversas vezes tive situações de sofrer um acidente com serpentes, mas curiosamente o acidente mais grave foi um acidente de carro, voltando de um treinamento sobre animais peçonhentos ministrado para profissionais de saúde. Nessa ocasião, num  dia de muita chuva, o carro com a equipe toda rodopiou na pista molhada e caímos em um desfiladeiro e eu fui projetado para fora caindo dentro de um rio. Muitos feridos, mas por milagre ninguém morreu. Mas riscos continuam sempre existindo e a gente tem que se preocupar a cada dia com eles.

Qual conselho você pode dar a um estudante de biologia que almeja trabalhar com herpetologia?
Não sei se eu tenho condições de dar conselho para alguém, mas poderia dizer que se você quer fazer Biologia, Zoologia ou Herpetologia, se gosta realmente, faça. Muitos falam que o mercado é difícil e que existem muitos concorrentes: é verdade. Mas por outro lado, sempre há espaço para o bom profissional. Mas você vai ter que se dedicar. E muito. Lembre-se que na herpetologia, assim como em outras áreas da Zoologia, normalmente você passa mais tempo em laboratório ou na frente de um computador, do que em campo coletando. Se a herpetologia te dá realmente prazer, você vai fazer com alegria e vai perder horas de lazer e momentos que poderia estar fazendo outras coisas, estudando, escrevendo projetos, escrevendo artigos, etc. Se o trabalho na herpetologia for um lazer, você vai arrumar um emprego onde te pagarão para fazer algo que você faria por prazer. Se for assim, você terá sucesso na carreira. Acredite em você sempre, independente do que as outras pessoas falem. 
Lab • A extração do veneno em vespas  
No veneno de vespas foram encontrados peptídeos e toxinas com grande potencial farmacêutico. Mas, para extrair o veneno dela é necessária o uso de uma série de técnicas, que também são utilizadas para apitoxinas (o veneno encontrado nos ferrões das abelhas do gênero Apis). Elas são retiradas da colônia e colocadas sobre placas que contém potencial elétrico, onde acontecem vários pulsos de eletricidade que acabam por relaxar as estruturas responsáveis pela liberação do veneno. Depois, retiram-se as placas, elas voltam para a colônia e as placas são colocadas em uma estufa, que desidrata a toxina, transformando-a em pó. Este contém múltiplos componentes do veneno e pode ser utilizado de diversas maneiras em pesquisas para fármacos. Importante: os estudos com a biodiversidade precisam de autorização de órgãos competentes.  
Nossos resíduos 
Gestão dos resíduos domiciliares em tempos da pandemia da COVID-19 
Muitas questões surgiram com o avanço do Coronavírus no mundo, tanto no campo da saúde, da economia, nas relações sociais, quanto no cuidado com os resíduos gerados nas residências em meio às medidas de isolamento físico. Nesse sentido, dois pontos estão sendo discutidos: o aumento da geração de resíduos e a preocupação com catadores de materiais recicláveis e funcionários da limpeza urbana. Quanto à expectativa do aumento dos resíduos, até então este crescimento não se concretizou, isso porque enquanto a permanência nas residências aumentou, houve diminuição nos serviços e comércios. O mesmo pode se falar dos resíduos do serviço de saúde, os quais não tiveram grandes mudanças na geração porque houve redução das atividades de clínicas e serviços odontológicos. Para os catadores de recicláveis e funcionários da limpeza urbana, o risco é de contágio através do manuseio dos resíduos, especialmente porque, segundo pesquisas especializadas, o vírus pode permanecer por algum tempo na superfície dos materiais. Nesse período de Pandemia, recomendações gerais é que se coloque os resíduos domiciliares em sacos resistentes à ruptura, utilizando até dois terços de sua capacidade e que seja fechado com lacre ou nó; em sequência, deve-se colocar em outro saco limpo, também resistente, para que os resíduos fiquem acondicionados em sacos duplos. Se houver confirmação ou suspeita de infecção por Coronavírus na casa, identificar o saco como RESÍDUO INFECTANTE – COVID-19 e não destinar os resíduos recicláveis para coleta seletiva. Os catadores e funcionários da limpeza, assim como já devem fazer em todos os períodos, precisam utilizar corretamente todos os Equipamentos de Proteção Individual indicados, como luvas e máscaras.
  
Natu • 3 • 25/06/2020 • Gênero Xyris Redação • Direção: Rodrigo Viana; Edição: Nathália Araújo Conteúdo: Amanda Costa; Angélica Fujishima; Brenda Menezes; Fotografias: Bárbara Fonseca; Claudio Machado; Larissa Vitória; Matias Rebak.

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