Mundo - um novo vírus

Rodrigo Viana

Um novo surto tem a atenção do mundo e acontece através de um coronavírus que apareceu recentemente na China, mais precisamente em Wuhan, uma cidade com mais de 11 milhões de pessoas. Essa cidade é um centro populoso e importante de distribuição no pais e o momento coincidiu com o ano novo chinês, época de grande encontros e festividades, o que poderia acelerar o alastramento. Em janeiro de 2020, profissionais de saúde em contato com pacientes infectados também adoeceram. Por isso, várias medidas foram tomadas pelas autoridades locais na tentativa de conter o avanço do vírus, mas que já estava confirmado em mais de 15 países, em diferentes continentes em ainda janeiro.

O vírus foi batizado de 2019-nCoV, que remete ao ano de descoberta, ‘n’ de novo e ‘CoV’ de coronavírus, pois habitualmente é usado um termo mais técnico e depois passa a ser usado um nome popular, como novo coronavírus por exemplo. A doença muito discutida atualmente é relacionado a um tipo de coronavírus, semelhante a outros que reúnem características comuns entre eles. Em 2002 um outro coronavírus também causou mais de 10% das vítimas fatais de mais 8.000 pessoas que foram infectadas, no caso a SARS – Síndrome Respiratória Aguda Grave (em inglês Severe Acute Respiratory Syndrome) e por isso esse tipo de vírus tem elevado o alerta das pessoas. Posteriormente, em 11/02/2020 o novo vírus foi batizado de SARS-CoV-2.
Existem muitos vírus no mundo, que são um tipo de agente reconhecido pela grande capacidade de mutação. Geralmente esses agentes podem viver em espécies de animais, silvestres ou domesticados, e passam a ter mais atenção quando são registrados em pessoas, seja por transmissão pelo contato com animais ou entre pessoas já infectadas. Para exemplo, a SARS teve origem em um mamífero silvestre utilizado na alimentação, também na China. No caso do vírus da vez, a origem pode estar associada ao mercado em Wuhan, onde são oferecidos animais possivelmente infectados. Mas ainda não se sabe em qual espécie pode ter sido a origem desse coronavírus. Com as mudanças no ambiente, muito aceleradas nos últimos anos, acrescida da urbanização da população, a convivência com animais silvestres tem sido cada vez mais comum nas cidades, principalmente aqueles que são atraídos para centros urbanos, em busca de alimento. Esses contatos podem ser fonte de novas doenças, o que aumenta a atenção. 
Para especialistas o recém descoberto vírus aparenta ser menos agressivo. Para esse vírus, os sinais mais comuns são febre alta, tosse, falta de ar, dificuldade para respirar, por isso, semelhante a um gripe comum, e que pode ir desde uma gripe mais forte até a morte. Pelas semelhanças ao grupo do qual ele faz parte e que já causou infecções, é possível algum preparo de serviços de saúde e comunidade científica, mas ainda assim, requer atenção para evolução do quadro. Mas pela infecção em humanos indica uma capacidade de mutação muito importante. No caso desse vírus o período de incubação, quando os sinais e sintomas podem aparecer em pessoas que forma expostas em até duas semanas. Por isso o estabelecimento de protocolos mais especializados são tão importantes. Medidas para melhor vigilância em fronteiras foram tomadas por muitos países, em aeroportos por exemplo.

É recomendado lavar bem as mãos, com maior frequência; cobrir a boca ao espirrar ou tossir; também evitar tocar, a boca, nariz ou olhos, sempre que possível.
Em 30/01/2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a situação como emergência global de saúde pública. Em 11/02/2020 a doença respiratória provocada pela infecção do novo coronavírus passa a ser chamada de COVID-19 pela OMS. A nomenclatura segue diretrizes internacionais para evitar referências a uma localização geográfica, um animal, um indivíduo ou grupo de pessoas. As regras orientam que o nome seja pronunciável e estabeleça relação com a doença. A essa data o número de vitimas fatais ultrapassa 1.000, tendo mais 43 mil casos confirmados.

Em 11/03/2020 os números apontam para 118 mil casos, em 114 países, incluindo o Brasil com casos confirmados em vários estados, e que mais de 4.290 pessoas tiveram complicações mais severas em virtude da doença e perderam a vida. A OMS declarou a COVID-19 como pandemia. Trata-se de enfermidade epidêmica amplamente disseminada. O termo é usado para descrever situações em que uma doença infecciosa ameaça muitas pessoas, ao mesmo tempo, em todo o mundo. Geralmente elas acontecem quando há um agente novo capaz de infectar pessoas com facilidade e de ter transmissão entre pessoas, de forma eficiente e continuada. Contudo a letalidade da doença é menor que outras recentes e está por volta de 3,5%. Mas esses número são imprecisos dada a velocidade de espalhamento do vírus e dificuldade em realizar teste para detectar o vírus nas pessoas possivelmente infectadas.

Em 30/03/2020 o vírus já está presente em todos os continentes, provocou instabilidade na economia mundo afora e causou milhares de mortes em alguns países e avança para outras partes. Com esse avanço muito países adotaram regimes de quarentena a fim de diminuir a curva de infecção, o que ajuda no tratamento da doença, em razão dos serviços de saúde serem limitados para a quantidade de casos em tão curto intervalo. Atualmente são conhecidos muitos casos de pessoas assintomáticas mas que podem transmitir a doença e existem muitas dúvidas sobre o comportamento do vírus no corpo humano. Contudo o perfil de pessoas mais afetadas está entre aquelas com idade mais avançada, em tratamento recente de alguma doença ou com alguma doença crônica preexistente, como as cardiovasculares ou associadas à baixa imunidade. Até o momento mais de 765 mil casos foram registrados e mais de 36 mil pessoas perderam a vida.   

Mesmo com todos os conhecimentos reunidos até o momento, há muito a ser descoberto em relação a esse novo agente de coronavírus. Por isso, acontecimentos dessa natureza reforçam a importância da realização contínua de estudos para acompanhamento, compreensão e identificação de agentes e das relações ecológicas que acontecem no ambiente. Esse conteúdo está associado ao Núcleo de Medicina da Conservação e Saúde Ambiental do Instituto.

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